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História dos leilões: da antiguidade à Era contemporânea

Texto redigido por Adriana Xerez

e Joelma de Paula.

 

Muitas pessoas ainda acham que os leilões são inacessíveis. Isso porque não é raro vermos notícias de obras de arte sendo vendidas por valores altos. A ficção, como no cinema, nas novelas ou nas séries, também ajudam a endossar essa visão, mostrando pessoas muito ricas disputando uma obra. Mas os leilões vão além desta ideia.

Para desmistificar o mito, vamos apresentar um pouco da história dessa prática, que podemos até chamar de milenar! Como e onde surgiram os leilões? Quais os caminhos percorridos que formataram os leilões para o que são hoje? Essas e outras perguntas serão respondidas na nossa nova série sobre a história dos leilões.

Vem com a gente!

 

Alguns historiadores pontuam que os leilões nasceram com os assírios, em negociações para vender peixes pelos melhores preços, por volta de 2.000 A.C

 

Escribas fazem seus registros em Nínive, na antiga Assíria (hoje, território iraquiano).

Mas o primeiro registro histórico dessa atividade data de 500 A.C  na Babilônia. São os escritos do grego Heródoto que narram um leilão, pasmem ou não, de mulheres para se tornarem esposas. Trechos do texto de  Heródoto:

“Em cada aldeia, uma vez cada ano, procediam deste modo: assim que as donzelas chegavam à época de casar eram todas reunidas e levadas a um lugar e uma multidão de homens ficavam de pé em volta delas; um arauto fazia, então, cada uma delas se levantar e punha à venda; primeiro, a mais bonita de todas e assim que ela era vendida, por muito dinheiro, ele anunciava outra, a que era mais bonita depois daquela; e elas eram vendidas para casamento”.

 

Os leilões também foram peça-chave em momentos decisivos da História. Como na disputa pelo trono do Império Romano em 193 D.C entre Flávio Sulpiciano e Marco Juliano.

Marco Juliano foi quem ganhou e recebeu o trono pagando 50 mil sestércios, antiga moeda romana, a cada membro da guarda pretoriana, uma espécie de guarda oficial do Império.

Com o passar do tempo o mundo mudou e as formas de fazer leilão também. Os leilões de objetos artísticos cresceram a partir da venda de itens decorrentes do espólio de pessoas falecidas, junto com móveis, talheres, roupa de cama, relógios, livros, gravuras, tapeçaria, etc.

O primeiro sinal de especialização apareceu na Itália, em Florença, no fim do século XV. Foi a partir do século XVI, que os leilões ganharam cada vez mais espaço nos principais mercados de arte de Paris e Londres, sem um lugar próprio para evento, os leilões costumavam ocorrer em cafeterias, tavernas e papelarias.

Em 1556, na França, a profissão de leiloeiro foi instituída e surgiram os meirinhos leiloeiros, que eram funcionários públicos nomeados pelo rei francês para avaliar, negociar e vender bens deixados por morte ou executados pela Justiça. Na mesma época, Portugal e outros países europeus também passaram a ter seus leiloeiros oficiais.

 

Thomas Rowlandson (1756-1827), gravura da Sala de leilões da Christie’s em Londres, 1808 – 14.6 x 23.6 cm

 

Em 1674, foi fundada a primeira casa de leilões do mundo, chamada Stockholms Auktionsverk, ou Stockholm Auction House em Estocolmo na Suécia, que funciona até os dias de hoje. Um século depois surgem as duas maiores e mais famosas casas de leilões do mundo: a Sotheby’s em 1774 e a Christie’s em 1776, ambas sediadas em Londres.

Já nas Américas, o leilão começa a ser praticado no século XVIII, muitos com a finalidade de comercializar mão-de-obra escravizada. Em geral, esses leilões eram realizados em praça pública. Com a abertura dos portos no Brasil, em 1808, chegaram muitos comerciantes na então capital do país, o Rio de Janeiro. Com eles vieram alguns comerciantes leiloeiros, o primeiro que se tem registro oficial foi o inglês J.J Dodsworth, que chegou na capital em 1808. Os leilões eram realizados em sua maioria em armazéns alugados para o evento ou de propriedade dos comerciantes, mas também costumavam ocorrer no imóvel que seria liquidado, outro local onde se encontravam os objetos a serem comercializados.

O  ofício  do  leiloeiro,  conforme  a  legislação  vigente do século XIX,  era  pessoal  e  indelegável,  mas  havia  a  possibilidade de substituição apenas por motivo de enfermidade. Já a profissão de leiloeiro só foi de fato regularizada no país em 1932, durante o governo Getúlio Vargas, mais especificamente no dia 19 de setembro, data que hoje celebra-se o dia do leiloeiro.

 

Brasil Império, Rio de Janeiro, Uma Venda de Escravo, Gravura

 

Após as duas grandes guerras mundiais, por volta da década de 1950 o mercado de leilões tanto americano quanto o europeu voltou a prosperar se desenvolvendo até os dias de hoje. Com o avanço da tecnologia e a chegada da internet surge, em 1995, o primeiro leilão realizado online,  pelo site Ebay.

Chegando a atualidade, no cenário macro, observamos a expansão das casas de leilão de arte para outros continentes, com presença relevante no oeste asiático.

Um evento importante para analisar a transformação do consumo foi a pandemia devido à necessidade de suspensão dos eventos presenciais. Como consequência, a prática de leilões virtuais, que antes já eram realizados, tornou-se ainda mais comum. Em relação à 2022, a temporada foi um período de retomada das atividades presenciais e consolidação de algumas práticas virtuais que foram adotadas durante a pandemia. No início do ano, não sabíamos como seria a reação do mercado ao retorno dos eventos presenciais, principalmente as grandes feiras e os leilões. Além disso, com o aumento da inflação em todo o mundo e o risco de recessão, a economia foi outra preocupação dos agentes do mercado de arte no mundo inteiro. Felizmente, como comprovaram os diversos recordes de venda, como do leilão da coleção do falecido Paul G. Allen e do faturamento da tradicional casa Sotheby’s – ambos tratados em nossas redes sociais – vimos que o sistema foi não apenas resiliente, como conseguiu expandir num período de incertezas. Ou seja, 2022 serviu para não deixar dúvidas sobre a segurança do investimento em arte, o que anuncia um 2023 de prosperidade e crescimento.

 

Para saber mais:

Já leu nosso artigo sobre o importante Relatório Art Market? Nele, apresentamos alguns dos insights divulgados pela tradicional feira Art Basel e pela UBS. Confira!

Arte em alta: Mercado registra o segundo melhor resultado desde 2009 em 2022, e outros insights a partir do Art Market Report

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