A arte, como forma de expressão cultural, possui um valor intrínseco que vai além do monetário. Por ser um setor dinâmico e multifacetado, atrai investidores que buscam oportunidades de diversificar seus investimentos e, embora a busca por retorno financeiro seja uma motivação legítima, é fundamental reconhecer os riscos inerentes a essa abordagem.
Segundo o Artnet News, a tradicional casa de leilões Sotheby’s tornou-se ré em uma ação coletiva movida por um grupo de investidores que contesta as práticas relacionadas ao marketing e venda de NFTs em um leilão online ocorrido em setembro de 2021. Na ocasião, a Sotheby’s arrecadou US$ 24,2 milhões pela venda de um lote com 101 BAYC NFTs (Bored Ape Yacht Club), superando em muito a estimativa de pré-venda (entre 12 e 18 milhões de dólares) e estabelecendo um novo recorde para cripto arte. Entretanto, dois anos depois, vimos o desmoronamento das criptomoedas e, hoje, um item do BAYC caiu 78% em média.
Esses compradores podem ter ignorado duas propriedades muito importantes do mercado de arte na hora em que decidiram por este investimento: a volatilidade e o impacto das tendências.
O mercado de arte é conhecido por sua volatilidade, muitas vezes sujeito a flutuações imprevisíveis devido a fatores como eventos econômicos globais e tendências do mercado financeiro. A saúde geral da economia e o otimismo em relação ao futuro influenciam a disposição das pessoas em gastar em ativos não essenciais, o que pode beneficiar o mercado de arte na medida em que aumenta a demanda e, consequentemente, os preços. O contrário também é verdade, e em contextos de crise, pode ser que o mercado de arte sofra com a queda da demanda e de preços. Nesse momento, o colecionador pode ter dificuldades em obter liquidez.
Outro determinante é o impacto das tendências de mercado, por sua vez influenciadas por fatores como a atenção da mídia, a produção de exposições e publicações influentes, e o próprio histórico recente do valor de venda de determinado artista. No caso comentado na matéria, vimos como seguir cegamente essas tendências pode levar a decisões de investimento que se mostram rapidamente equivocadas uma vez verificada a desvalorização de obras quando a moda passa.
Por isso, defendemos que uma abordagem mais equilibrada, que valorize tanto a apreciação estética quanto o potencial financeiro, é essencial para navegar com sucesso no complexo mercado de arte.