A cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024 foi um espetáculo repleto de arte e referências culturais, destacando a rica herança artística da cidade e incorporando elementos inovadores que celebraram a história e a modernidade.
O Desfile das Nações pelo Rio Sena
Um dos momentos mais marcantes da cerimônia foi o Desfile das Nações, onde os atletas viajaram de barco pelo rio Sena, ao invés de marcharem em um estádio, como tradicionalmente ocorre. Ao longo do percurso, barcos passaram por recortes monumentais de rostos de pinturas históricas da coleção do Louvre, submersos até a altura dos narizes, com os olhos das figuras seguindo os barcos dos atletas.
Algumas das obras representadas incluíam:
– “The Portrait of Madeleine” (1803) de Marie-Guillemine Benoist
– “Gabrielle d’Estrées and One of Her Sisters” (1594)
– “The Card Sharp with the Ace of Diamonds” (ca. 1636) de Georges de la Tour
Essas imagens foram dispostas de maneira que pareciam emergir do Sena, simbolizando a presença eterna e a vigilância das artes sobre o evento.
A Tocha Olímpica e a Personagem Misteriosa
A tocha olímpica foi carregada por uma figura misteriosa mascarada, que inicialmente apareceu em um barco nas catacumbas parisienses. Vestido como personagens icônicos franceses como o Fantasma da Ópera e Arsène Lupin, ele fez uma jornada cinematográfica que incluiu correr sobre telhados, passando pelo Museu d’Orsay e o Louvre. Dentro do Louvre, ele interagiu com várias obras-primas que “ganharam vida”, incluindo a “Vitória de Samotrácia” e “A Coroação de Napoleão” de Jacques-Louis David.
A Fuga da Mona Lisa
Em um tributo criativo à história do cinema francês, incluindo referências a “Viagem à Lua” de Georges Méliès e “A Chegada de um Trem” dos irmãos Lumière, a famosa pintura de Leonardo da Vinci, “Mona Lisa”, foi “roubada” e apareceu flutuando no Sena. Esta cena inusitada envolveu os personagens dos Minions, que brincavam com a obra de arte enquanto praticavam esportes olímpicos.
Estátuas de Heroínas Francesas
Outro destaque da cerimônia foi a revelação de dez novas estátuas de mulheres históricas francesas, emergindo do rio Sena. Esse segmento, intitulado “Sororité” (Irmandade), foi um reconhecimento à contribuição dessas mulheres para a história francesa. As estátuas incluíam figuras como:
– Olympe de Gouges
– Simone de Beauvoir
– Alice Milliat
– Gisèle Halimi
– Simone Veil
Essas estátuas serão doadas à cidade de Paris após os jogos, corrigindo o desequilíbrio de representações de figuras femininas nos espaços públicos da cidade.
Tributo à Restauração de Notre-Dame
A cerimônia também prestou homenagem à contínua restauração da catedral de Notre-Dame, que sofreu um devastador incêndio em 2019. Um número de dança foi realizado nos andaimes que cercam a catedral, transformando os sons da construção em música, culminando com o toque dos sinos da catedral pela primeira vez desde o incêndio.
Performances Musicais e o Caldeirão Olímpico
A noite foi encerrada com uma emocionante performance da cantora Celine Dion, que cantou “L’Hymne à l’amour” de Edith Piaf no topo da Torre Eiffel. O momento final envolveu a acendimento do caldeirão olímpico, que consistia em um balão de ar quente de 30 metros de altura, projetado por Mathieu Lehanneur, flutuando sobre o horizonte de Paris, um tributo ao primeiro voo em um balão de gás hidrogênio realizado no Jardim das Tulherias em 1783.
A abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi um espetáculo deslumbrante que combinou arte, história e inovação. Com uma série de referências culturais e homenagens às contribuições artísticas e históricas da França, a cerimônia estabeleceu um tom memorável e celebratório para os jogos, refletindo o espírito criativo e a rica herança cultural da cidade anfitriã.