A gigante suíça do mercado de arte, Art Basel, acaba de anunciar uma nova e ambiciosa empreitada: o lançamento de uma feira de arte no Catar, previsto para fevereiro de 2026. A novidade marca uma expansão estratégica para o Oriente Médio, em uma parceria com a Qatar Sports Investments (QSI) e a QC+, braço de iniciativas estratégicas da Qatar Museums.
A feira acontecerá no bairro Msheireb, um centro urbano revitalizado e totalmente voltado para pedestres, que já sediou a primeira edição da Design Doha neste ano. O evento reunirá cerca de 50 galerias internacionais e regionais, reforçando a posição do Catar como novo epicentro das artes contemporâneas na região.
Desde que assumiu como CEO da Art Basel há pouco mais de dois anos, Noah Horowitz deixou claro seu interesse em ampliar a presença da feira no Oriente Médio. “Achamos fundamental para o mercado de arte e, em particular, para o modelo da Art Basel”, declarou. Após uma análise cuidadosa da região, a escolha recaiu sobre o Catar como parceiro ideal.
Mais do que apenas um evento de compra e venda de obras, a Art Basel Qatar promete integrar arte, hospitalidade e entretenimento. Inspirada na iniciativa Art Basel Cities, a proposta é unir cultura e turismo de forma inovadora. O envolvimento da QSI, que também é proprietária do Paris Saint-Germain, abre possibilidades inéditas de colaboração entre arte e esporte, inclusive em outras feiras da marca.
O anúncio também traz à tona questões sensíveis relacionadas aos direitos humanos no Catar, especialmente após as críticas internacionais durante a Copa do Mundo de 2022. Questionado sobre o tema, Horowitz afirmou que o evento seguirá um rigoroso código de conduta da MCH Group (controladora da Art Basel), com aplicação local garantida.

Photo: Noé Cotter.
Um novo capítulo para a cena artística do Golfo
O movimento da Art Basel sinaliza uma reconfiguração no panorama artístico do Golfo Pérsico. Apesar de Dubai ser o polo comercial consolidado com sua Art Dubai, e Abu Dhabi contar com uma programação institucional robusta, o Catar se destaca como pioneiro nos investimentos em arte contemporânea internacional.
Sob a liderança de Sheikha Al Mayassa bint Hamad bin Khalifa Al Thani, irmã do emir, o país tem acumulado obras de nomes como Richard Serra e Damien Hirst, além de construir instituições culturais de peso, como o Mathaf (museu de arte moderna árabe), o Fire Station, o Museu Nacional do Catar (de Jean Nouvel) e o Museu de Arte Islâmica (projetado por I.M. Pei).
Agora, novos projetos se somam ao panorama: o Art Mill — um complexo com galerias, oficinas e residências artísticas —, o Museu de Lusail e até um novo pavilhão catarense na Bienal de Veneza, o primeiro em 30 anos.
Para além do prestígio institucional, o objetivo da Art Basel é fomentar um mercado colecionador local, desafio recorrente em países do Golfo, apesar de seu imenso capital disponível. “Queremos trabalhar lado a lado com nossos parceiros para desenvolver o mercado local, atrair novos patronos e gerar oportunidades não apenas para artistas, mas também para curadores, conservadores, profissionais de logística e operação”, explica Horowitz.