Nos últimos anos, o mercado de arte tem visto um crescente interesse por artistas históricos, especialmente pelos “Grandes Mestres” ou “Old Masters“. Esse conceito da história da arte refere-se a pintores europes com grande relevância histórica que viveram na Europa antes de 1800.
Tradicionalmente, um “Old Master” era um artista completamente treinado, membro de uma guilda de artistas e que trabalhava de maneira independente. No entanto, em muitas ocasiões, o termo é utilizado para descrever obras criadas em oficinas ou por discípulos de grandes mestres, desde que as pinturas ou produções atingissem um certo nível de competência técnica.
Embora a divisão entre “primitivos” e “Old Masters” tenha sido mais prevalente nos séculos XVIII e XIX, atualmente, essa distinção não é mais feita com a mesma rigidez. O termo “Old Master” passou a abranger um espectro mais amplo de artistas, e é frequentemente utilizado para descrever as figuras mais proeminentes da arte ocidental, desde o século XIII até o XVIII. A coleção da Gemäldegalerie Alte Meister, em Dresden, é uma das poucas que ainda utiliza o termo em seu nome, destacando a relevância desse conceito ao longo da história da arte.
Em 2025, diversas exposições estão programadas para destacar esses mestres históricos e sua arte, reafirmando a importância de sua obra no cenário contemporâneo e demonstrando uma tendência de valorização. Essas mostras não apenas celebram as contribuições desses artistas, mas também buscam inovar no modo como suas obras são apresentadas ao público moderno.
1. “From Odesa to Berlin: European Painting of the 16th to 19th Century”
Gemäldegalerie, Berlim (24 de janeiro a 22 de junho de 2025)
Cornelis de Heem, Still life with lobster, detail, 2nd half 17th Cent. © Odesa Museum of Western and Eastern Art / Photo: Christoph Schmidt, Gemäldegalerie
Uma das exposições mais emocionantes de 2025 será a apresentação de 60 obras de arte resgatadas do Museu de Arte Ocidental e Oriental de Odesa, na Ucrânia, antes da invasão de 2022. A mostra inclui peças de mestres como Francesco Granacci, Frans Hals e Bernardo Strozzi. O projeto não só traz à tona a arte do século XVI ao XIX, mas também enfatiza a importância da preservação do patrimônio cultural da Ucrânia, tornando a exibição uma forma de diplomacia cultural e solidariedade. Além disso, a exibição será uma das primeiras a integrar uma série de esforços globais para proteger o patrimônio artístico em tempos de crise.
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2. “Caspar David Friedrich: The Soul of Nature”
Metropolitan Museum of Art, Nova York (8 de fevereiro a 11 de maio de 2025)
Caspar David Friedrich, Das Große Gehege, 1831.
O Met inaugura o ano com uma grande exposição dedicada ao pintor alemão Caspar David Friedrich, um dos ícones do Romantismo. Conhecido por suas paisagens sublimemente espirituais, Friedrich explorou a relação entre a natureza e o eu interior, uma temática que permanece extremamente relevante. A mostra pretende contextualizar sua obra dentro das transformações sociais do século XIX, e oferecer uma imersão no mundo de suas paisagens emocionais e espirituais, que continuam a ressoar com o público contemporâneo.
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3. “Michelangelo”
National Museum of Art (SMK), Copenhagen (29 de março a 31 de agosto de 2025)
Michelangelo Exhibition: Another Side of Art Reproduction
A arte de Michelangelo nunca sai de moda, mas a exposição em Copenhagen oferece uma abordagem inovadora. Pela primeira vez, a exibição incluirá réplicas 3D de algumas das suas obras mais emblemáticas e figuras do altar Piccolomini. Esta técnica de reprodução digital promete abrir novas possibilidades para a apreciação das obras de Michelangelo, além de questionar temas como autenticidade e ética curatorial. Esta exibição pode ser uma ponte entre o antigo e o novo, mostrando como a tecnologia pode ajudar a entender e preservar a arte clássica.
4. “Rachel Ruysch: Nature into Art”
Toledo Museum of Art, Ohio (13 de abril a 27 de julho de 2025)
Rachel Ruysch and Michiel van Musscher, Rachel Ruysch (1664–1750) (1692). The Metropolitan Museum of Art, New York.
Em uma das exposições mais aguardadas do ano, a pintora holandesa Rachel Ruysch, uma das maiores virtuoses do gênero de naturezas-mortas, finalmente terá sua primeira mostra monográfica nos Estados Unidos. A exposição irá explorar como ela transformou o tradicional arranjo de flores em algo tridimensional e dinâmico, brincando com luz e sombra de maneiras inovadoras para a época. Ruysch também será apresentada em um contexto mais amplo, ligando sua obra ao crescente interesse científico e à exploração global do período colonial. A exibição não apenas homenageia uma artista talentosa, mas também discute a história natural e o papel das mulheres nas artes.
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5. “Angelico”
Fondazione Palazzo Strozzi e Museo di San Marco, Florença (26 de setembro de 2025 a 25 de janeiro de 2026)
Beato Angelico, Last Judgement (detail), (ca, 1431). Courtesy of Museo di San Marco, Florence and Ministero della Cultura.
A última grande exibição de 2025 se concentrará em Fra Angelico, o renomado pintor renascentista italiano. Esta será a primeira grande mostra dedicada ao artista em mais de 70 anos em sua cidade natal, Florença, e reunirá pinturas que estavam dispersas há séculos. A mostra será dividida entre o Palazzo Strozzi e o Museo di San Marco, permitindo uma imersão total na obra de Angelico, incluindo suas famosas frescuras, que exemplificam o auge da arte do Renascimento. A curadoria, além de explorar seu processo artístico, também discutirá a relação entre arte religiosa e os princípios emergentes da arte renascentista.
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