O setor de arte no Brasil passou por transformações significativas nos últimos anos, impulsionadas por mudanças no comportamento de consumo, digitalização e a necessidade de adaptação ao cenário pós-pandemia. Em janeiro deste ano, foram divulgados os resultados da 7ª Pesquisa Setorial do Mercado de Arte no Brasil, conduzida pela Act Arte e encomendada pela Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) em parceria com a ApexBrasil. O estudo analisou dados de 76 galerias e entrevistas com mais de 40 especialistas da área, proporcionando uma visão abrangente sobre a evolução do setor desde 2018.
Expansão do Mercado e o Consumo de Arte
Os resultados indicam um crescimento notável no mercado de arte brasileiro. Em 2023, o setor registrou um aumento de 21% em relação ao ano anterior, alcançando aproximadamente R$2,9 bilhões (USD 580 milhões). Esse valor inclui o consumo interno, exportações e leilões nacionais, representando 0,89% do mercado global, conforme o Art Basel and UBS Art Market Report 2024.
Embora o mercado de arte no Brasil ainda seja sustentado, majoritariamente, por compradores locais, com 77% das vendas direcionadas a esse público, observa-se um aumento expressivo na participação internacional. O volume de exportações cresceu 24% em 2024, destacando-se cinco países como os principais destinos: Estados Unidos, Reino Unido, França, Suíça e Bélgica.
A Importância das Feiras de Arte
As feiras de arte continuam sendo um pilar essencial para o mercado contemporâneo, com 97% das galerias participantes da pesquisa envolvendo-se em pelo menos uma feira nacional e 71% em feiras internacionais. A relevância desses eventos também se reflete nos custos: a participação em feiras e a folha de pagamento representam juntas 48% das despesas das galerias, sendo 25% alocados para feiras e 23% para recursos humanos.
Crescimento das Galerias e Representatividade dos Artistas
Desde a última pesquisa, o universo das galerias no Brasil cresceu 70%, consolidando-se como um setor em expansão. O estudo identificou que cada galeria representa, em média, 27 artistas, sendo que os três artistas mais vendidos de cada uma correspondem a 51% do volume total de vendas.
Tendências no Valor das Vendas
A análise dos dados de 2022 e 2023 revelou um leve crescimento no valor das vendas. Houve um aumento de 34% no número de galerias com faturamento anual entre R$5 milhões e R$15 milhões. No entanto, a maioria das galerias (58%) ainda vende abaixo de R$5 milhões por ano, enquanto vendas acima de R$15 milhões continuam restritas a um pequeno grupo.
Obras de arte com preços de até R$50 mil representam 59% das receitas das galerias, enquanto apenas 9% das vendas ultrapassam R$300 mil.
O volume de clientes também varia de acordo com o faturamento: galerias com vendas anuais de até R$5 milhões atendem, em média, 73 clientes únicos por ano, enquanto aquelas que ultrapassam R$50 milhões contam com 248 clientes únicos.
Digitalização e Novos Canais de Venda
O levantamento de 2023 destacou o crescimento das vendas online, que saltaram de 8% em 2018 para 20% em 2023. O e-commerce, impulsionado pelo uso de marketplaces, redes sociais e newsletters, vem se tornando uma ferramenta essencial para ampliar a acessibilidade do mercado de arte e fortalecer a presença nacional no cenário internacional.
As vendas presenciais ainda dominam, representando 42% da receita, seguidas pelas vendas em feiras de arte nacionais (25%). Contudo, com a tendência crescente de digitalização, espera-se que o segmento online continue sua ascensão nos próximos anos.
Conclusão
O mercado de arte brasileiro apresenta um crescimento robusto, impulsionado pela adoção de tecnologias digitais, expansão internacional e fortalecimento das feiras de arte. Apesar dos desafios econômicos e estruturais, o setor se mostra resiliente e em franca evolução, com oportunidades promissoras para artistas, galerias e investidores.
