Avery Singer nasceu e foi criada em Nova York em uma família de artistas que a incentivou a explorar sua criatividade desde criança. Inicialmente, produziu fotografias e desenhos, e posteriormente, já na universidade, passou a trabalhar com performance, vídeo-arte, escultura e pintura, que tornou-se a sua linguagem de preferência.
Atualmente, seus trabalhos são vendidos regularmente por seis dígitos no mercado secundário. Além de ter exposto na Bienal de Veneza, na Bienal de Lyon e na Trienal do Novo Museu, também integra coleções importante como do Whitney Museum of American Art, do Museum of Modern Art de Nova York, da Tate Modern de Londres e do Yuz Museum de Xangai, entre outras instituições.
Seu recorde em leilões ocorreu em 2022 com a venda pela Sotheby’s de Happening (2014) por US$5,253,000. Nessa tela de 254 x 304.8 cm, a artista representa com um tom de nostalgia os eventos da vanguarda na década de 1960.
Com a sua abordagem singular e materialmente inventiva sobre a pintura, Singer redefine a técnica na contemporaneidade. Seu meticuloso processo de produção consiste na representação pictórica – geralmente em preto, branco e tons de cinza – de figuras, cenas e geometrias abstratas criadas a partir do programa SketchUp, utilizado para projetar espaços de exposição.
Suas produções são caracterizadas pelo caráter satírico pelo qual combina a estética inicial da Internet com elementos do Construtivismo, Futurismo e Cubismo. A sua prática formal incorpora figuras representadas em formas construtivistas, que transmitem as suas expressões através de poses exageradas e cabelos dramaticamente desarrumados.
Os primeiros trabalhos de Singer dramatizam seu tema e parodiam a vida de uma artista. Na sua primeira exposição individual no Kraupa-Tuskany Zeidler, Berlim, em 2013, apropriadamente intitulada “The Artists”, ela explorou estereótipos de como os artistas vivem, trabalham e socializam. A partir de um comunicado de imprensa falso apresentado na exposição como parte de uma série maior intitulada ‘Press Release Me’, Singer zomba da produção de uma linguagem artística sancionada, bem como do artista como ser social. As pinturas da mostra retratam outros cenários tipificados do mundo da arte, incluindo um encontro com colecionadores em ‘Jewish Artist and Patron‘ (2012) e o ritual de uma visita ao estúdio em ‘The Studio Visit‘ (2012).
Através do uso de novas tecnologias para retratar referências históricas da arte do passado, Singer ultrapassa as limitações da pintura. Seu primeiro autorretrato, ‘Self Portrait (Summer 2018)’ (2018), exibido na Bienal de Veneza de 2019, incorporou um novo processo com borracha líquida, frascos de spray e tinta branca diluída para conseguir a reprodução de vidro embaçado. A imagem resultante é um autorretrato no chuveiro, tema semelhante ao gênero clássico de Vênus ou banhistas, complicado pela luz que passa pelo ar, pela água e pelo vidro. Singer tem sucesso em seus experimentos para reconstruir o futuro da pintura, empregando personagens fictícios virtuais e símbolos retirados da história da arte ou do mundo da arte atual, para virar o esperado de cabeça para baixo. Muitas vezes reimaginando o tema da pintura e da criação de imagens como o próprio tema, desligando-se de visões romantizadas, Singer cria sua própria maneira de ver.